Relato – 6ª Corrida Montepio

Mês de Outubro é sinónimo de Corrida Montepio, a próxima prova no meu calendário competitivo, ainda na perseguição do mítico sub 40. Depois de ter cumprido os 10Km da Corrida do Tejo em 40:49, contava poder melhorar o meu tempo, numa prova mais plana e, naturalmente, mais rápida.

O período de praticamente um mês entre as duas provas foi de carga moderada, com treinos longos de 90’ a ritmo progressivo ao fim de semana, treinos de séries (curtas e lentas) a meio da mesma e os habituais, e essenciais, treinos de recuperação a ritmo fácil, sempre com o foco de chegar fresco, e forte, ao dia da prova.

A semana que antecedeu a prova não foi convidativa a nível metereológico o que me deixou algo receoso porque um dia mau podia muito bem pôr a tentativa de PR em risco. Logo se veria!

Domingo de prova! Despertador para as 6 da manhã, como bem gosto, para fazer a rotina com calma, despachar-me e apanhar o comboio de Carcavelos até Lisboa com tempo de sobra. Apesar da prova ser só às 10h  o encontro com a equipa, o GFD Running, foi feito hora e meia antes, no sentido de distribuir dorsais e afinar tácticas.

No sentido de tentar quebrar a barreira dos 40 minutos a ideia seria seguir, logo desde início, com o Ernesto, João e Nuno – todos já confortáveis neste andamento –  que iriam ajudar imprimir o ritmo necessário. Eu e outro colega, o Ricardo, seguiríamos colados.

Chegando ao Rossio, local da partida (e  este ano também da chegada) deixei as coisas no bengaleiro, aproveitei para uma última passagem no WC e comecei o aquecimento com a equipa. O aquecimento é essencial para qualquer prova mas é de especial relevância em provas curtas, que começam logo muito rápido e precisam, por isso mesmo, da “máquina já bem oleada”. Começámos a ritmo baixo e fomos acelerando progressivamente durante cerca de 3 quilómetros. Finalizamos com algumas rectas rápidas para estimular todo o sistema nervoso e muscular.

Comecei a prova rápido porque era imperativo juntarmos o grupo de cinco o mais rapidamente possível (já que apenas eu e o Ricardo começávamos no bloco de sub45). Após 400m já estávamos a rodar juntos e a partir dai tinha como objectivo não mais os largar! Ao primeiro quilómetro o relógio indicou 3’45” o que me deixou algo reticente… seria um ritmo rápido demais? Confiei na minha preparação e decidi ignorar ao máximo o relógio e focar-me apenas em manter-me o sempre colado. Passaram-se mais dois quilómetros e fui sempre na peugada do Ernesto, João e Nuno. Mesmo os abastecimentos foram facilitados porque algum deles ia buscar as águas para o resto do grupo, evitando qualquer quebra de velocidade. Que ajuda de luxo!

Ao quilómetro 4 o Ricardo começou a quebrar (com problemas de estômago) e infelizmente não mais voltou a se conseguir juntar. Mais um quilómetro feito e chegamos ao ponto de retorno que é sempre aquela importante barreira mental. Olho para o relógio da prova e constato que fizemos os primeiros cinco quilómetros em 19:20. Isto dava 1’20’’ de margem para fazer abaixo dos 40 minutos!! Concentração máxima a partir de agora!

Infelizmente com o retorno veio também vento de frente. As pernas já começavam a pesar e procurei resguardar-me ao máximo do seguido sempre colado ao João. Do quilómetro 5 ao 7 consegui ainda manter-me colado, com alguma dificuldade mas a verdadeira prova foram mesmo os últimos 3 quilómetros. Sem me aperceber deixei o grupo fugir uns 5 metros e tive de forçar o ritmo para tentar a aproximação. O Ernesto e o Nuno seguiam ainda fortes e conseguiram manter o ritmo mas o João, com bastante paciência, ficou comigo e a partir daí começou o reboque!

As palavras de apoio não faltaram e chegámos ao último quilómetro ainda com muita margem de manobra. No entanto vinha agora o derradeiro teste de fogo, já que os 1000 metros até à meta, da Praça do Comércio até ao Rossio, seriam sempre a subir. Cerrei os dentes, procurei manter uma cadência alta e pensar que já estava quase no fim. Aqui os gritos de incentivo do João foram essenciais para não quebrar! Meta já à vista, sprint final e com o tempo de…oi?! Como assim? 39:15?!

Que satisfação enorme e fui logo celebrar com todos os que me ajudaram: o João, que acabou a meu lado e o Ernesto e Nuno, que tinham chegado pouco antes. Tenho a perfeita noção que nunca teria conseguido fazer aquele tempo sem a sua preciosa ajuda! Obrigado mais uma vez! Afinal de contas foi uma melhoria em mais de minuto e meia face ao tempo registado na Corrida do Tejo.

Desde que comecei a correr que tinha como objectivo a longo prazo conseguir correr sub 40 aos 10Km. Não sabia se estaria para além dos meus limites físicos mas tinha a certeza de que, a não o conseguir fazer, não seria por falta de esforço e dedicação. Esta conquista ilustra bem o quão importante é confiarmos em nós próprios e dar sempre o máximo para atingir os objectivos aos quais nos propomos. Há sempre margem de progressão!

Depois de recuperar o fôlego tive ainda a agradável surpresa de percebe que a corrida havia sido ganha pelo Avelino Eusébio, do GFD Running. A Cláudia Pereira, também da equipa, fez o segundo lugar feminino! Parabéns a ambos!!

Após levantar a roupa do bengaleiro, optei por ir a pé do Rossio ao Cais Sodré (andar um pouco a pé após uma prova é sempre boa ideia, no sentido de começar a libertar o ácido láctico que se acumulou nas pernas) e enquanto esperava pelo comboio aproveitei para ir alongando (levando a um ou outro olhar curioso por parte dos turistas…). Um pouco de gelo chegando a casa e uma massagem no dia seguinte e estava pronto para outra!

A próxima prova no calendário será, em principio, a Meia Maratona dos Descobrimentos. Estabeleci desde cedo esta prova como o principal alvo até ao final do ano e espero estar em boas condições físicas para poder estabelecer um novo recorde  pessoal para a distância. Até lá foco máximo no treino!

(imagens: ‘Corrida Montepio’,  ‘A Natureza Ensina’ e ‘HMS Sports’)