Relato – Meia Maratona dos Descobrimentos 2018

A Meia Maratona dos Descobrimentos representa a minha 8.ª prova este ano e seria a meia maratona alvo, na busca de mais um RP, já que se trata de um traçado tradicionalmente rápido.

No início do ano, logo após a Maratona de Sevilha, tinha como próximo objectivo alcançar os sub1h40 nos 21.1Kms. Cedo percebi que, com o bom treino que vinha a fazer (e utilizando algumas provas como barómetro) essa marca seria pouco ambiciosa, e decidi então apontar a mira à 1h35.

No entanto, e apesar dos treinos terem sido bastante produtivos, a um mês da prova sofri de uma lesão no extensor do pé direito o que obrigou a reduzir a quilometragem durante duas semanas e, invariavelmente, perdi algum ritmo. As restantes duas semanas até à prova foram então focadas no controlo de danos e em recuperar, ao máximo, o ritmo.
O sub1h35 ficava assim complicado de atingir mas tinha plena confiança que descer da 1h40 estava mais que ao meu alcance.
Dia de prova e, apesar da prova começar as 10h, encontrei-me com a malta do GFD, para distribuição dos dorsais e combinar as tácticas. Aquecimento feito e ainda deu para dar uma força à malta dos 10k, que havia começado 30 minutos antes.

Dirigi-me ao bloco de partida e para minha surpresa este já estava cheio! Ponto negativo a apontar à organização, já que o tamanho dos blocos estava claramente mal calculado. Optei por começar no bloco final, e evitar assim começar demasiado rápido.

Tendo em conta não estar com o ritmo a 100% (e ter um gémeo que na semana anterior não tinha estado muito famoso) optei por uma estratégia conservadora: fazer os primeiros 10K a 4:40min/km e acelerar a partir daí, consoante o que as pernas permitissem. O primeiro quilómetro foi algo lento (normal tendo em conta o bloco onde comecei) mas a partir daí consegui estabilizar o ritmo. Ao quilómetro 2 acontece o primeiro retorno e a partir um longo caminho pela frente. Os quilómetros foram passando e, qual relógio suíço, fui sempre manter o ritmo fixo nos 4:40.

Chengando aos 10K, praticamente na metade da prova, comecei a aumentar o ritmo e fixei-me facilmente nos 4:30min/km. Segundo retorno feito, perto de Santa Apolónia e chegava o troço mais complicado da prova: a subida e volta ao Rossio. Não só aparece aqui uma subida, algo chata, como o pavimento no Rossio é de péssima qualidade com uma calçada portuguesa muito tosca e irregular que facilmente pode causar um entorse. Foquei-me em ultrapassar esta parte sem perder muito tempo e tentei embalar na descida de volta ao Terreiro do Paço. Ainda consegui aproximar-me dos 4:20min/km mas rapidamente percebi que hoje não seria o dia para essas andanças, já que o esforço era excessivo e a coisa iria correr mal no fim. Voltei então aos 4:30min/km e foquei-me em cumprir o troço final, do Cais Sodré a Belém – 5 quilómetros -, tentando quebrar o mínimo.
Consegui ir mantendo o ritmo e, aproveitei ainda uma companhia inesperada de uma rapariga que seguia ao mesmo ritmo que eu e assim fizemos os ultimos quilometros juntos, sem ser necessário pronunciar qualquer palavra. Esta é das coisas que mais gosto no atletismo: o espírito de ajuda entre os participantes, qualquer que seja o seu nível, é incrivel e está sempre presente, do principio ao fim de uma prova, nos treinos, em qualquer lado e momento. Nos últimos 400 metros, já em Belém e já a dar as ultimas, oiço gritos de incentivo dos colegas do GFD. Meto uma mudança abaixo e sprint final até à meta. Resultado final? 1h37minutos. PR por cerca de 3 minutos, face à meia maratona do Porto, feita 3 meses antes!

Logo após a meta contei ainda com a presença dos meus pais, o que foi um factor determinante para este novo recorde. Por norma não gosto de convidar/pedir a presença de ninguém nas corridas nas quais participo: do lado de quem participa é sempre, obviamente, interessante mas do lado de fora pode ser uma grande seca. Nunca é agradável estar uma ou duas horas à espera, por vezes com mau tempo, para ver alguém a passar durante uns míseros 10 ou 20 segundos. No entanto, dada o foco que tinha nesta prova, acabei por pedir e contar com a sua presença e esse pensamento, de ter alguém na meta à nossa espera, foi importantissimo para não quebrar na parte final da prova.
Finda a corrida foi tempo de descansar, repôr liquidos, alongar bem e voltar para casa. Sensação de dever cumprido mas também de que ainda há muito caminho possível pela frente!

Por fim quero também realçar a prestação incrivel que o GFD teve nesta prova: a Cláudia Pereira a ganhar a corrida dos 10k e 1o (João Fernandes), 3o (Luís Macau), 5o (Roberto Ladeiras) e ainda 8o (Carlos Ruxa). Parabéns não só a estes como a todos que conseguiram novos recordes pessoais!!
Que venha a próxima!
Fotos: Prozis, Xistarca, Run 4 FFWPU, Running & Medals