A quatro semanas da maratona de Nova Iorque participei, no passado dia 9 de Outubro, na 32ª Meia-Maratona “Cidade de Ovar”, no sentido de fazer um último grande teste ao treino dos últimos meses.
Sendo uma prova e uma região que desconhecia totalmente optei por fazer a longa viagem no dia antes, recolher o dorsal ainda na véspera, e assim evitar problemas de última hora. Logo aqui destaque para a organização e simplicidade em recolher o dorsal bem como no pequeno livro/caderneta oferecido com montes de informação sobre a prova e o seu histórico. Muito interessante!
No dia da prova, optei por chegar com bastante antecedência de modo a fazer um bom reconhecimento da zona de partida/chegada e, além disso, aquecer sem grandes pressas. Ainda assim, acabei por calcular um pouco mal o tempo e fui para a partida com apenas um par de minutos de sobra o que me obrigou a furar, o tanto quanto possível, pela massa de atletas. Não comecei tanto à frente quanto desejava mas ainda assim não foi mau de todo.
Ia para esta prova com um record pessoal à meia de cerca de 1h21m e tinha como objectivo baixar da 1h20m o que, considerando os treinos que vinha a fazer, me parecia bastante atingível! Dado o tiro de começo, e após uns bons 200 a 300 metros de slalom pelos atletas mais lentos entrámos numa fase de subidas que duraria praticamente os dois primeiros quilómetros. Ainda assim sentia-me bem solto e os 3:45/km que tinha estabelecido como ritmo-alvo estavam a entrar (sendo que o relógio mais frequentemente marcava 3:40 do que 3:45…).
Com os dois quilómetros feitos começava uma ligeira descida, sendo que me preocupei (nesta e em todas até ao final) em conservar energia e manter um ritmo estável em vez de acelerar por aí abaixo. Os quilómetros foram passando e, para alguma surpresa minha, via que estava a seguir mais frequentemente próximo dos 3:40 ao quilómetro e com “facilidade” aparente. Com cerca de 7 quilómetros feitos, chegámos à zona da praia do Furadouro onde havia um enorme apoio do público (uma constante ao longo de quase toda a prova, o que foi fantástico) e onde aproveitei para tomar o gel programado (uma nota aqui para os géis da Maurten. São dos melhores que tenho tomado – mal seria dado o preço deles – mas a abertura “fácil” é terrível e na maior parte das vezes é preciso inventar uma segunda abertura… já arranjavam isto!).
Fui seguindo na companhia de um atleta do Team El Comandante e ao longo dos quilómetros fomos mantendo um ritmo bom e consistente e, assim, passando vários outros atletas. Passou-se o quilómetro 10 e seguiram-se mais 5 – com um retorno pelo meio – que talvez tenham sido os mais difíceis psicologicamente. Olhando agora para os parciais o ritmo manteve-se estável mas foi um período mais complicado (tanto que eu pensava que aquilo era a subir e, analisando agora, é completamente plano!)
A partir do km 15 começava então uma subida longa (até praticamente ao km 19) e onde, dado o meu gosto por subida, aproveitei para meter algum ritmo e ganhar ainda mais posições e mesmo a subir seguia a ritmos de 3:35-3:40 com algum conforto. Apanhei, no entanto, um susto ao km 17: comecei a sentir os gémeos – principalmente o esquerdo – a querer prender sendo que tive de encurtar a passada para os manter em xeque. Agora mais a frio parece-me que isto se deveu a uma fraca hidratação – apesar de ter apanhado água em todos os postos não bebia muito – o que, aliada à elevada humidade do dia deverá ter causado isto. Mesmo com este percalço consegui manter o ritmo praticamente imutável e, após ter bebido uma boa dose de água no abastecimento seguinte, chego ao km 19 revigorado e a saber que, a partir daí, seria sempre a descer até à meta.
Imprimi um ritmo mais elevado e ao longo daqueles dois últimos quilómetros fiz várias vezes contas ao tempo que iria conseguir fazer. Chego à meta e o relógio marca 1h18m15s. Um recorde pessoal enorme! Como referi inicialmente, procurava baixar da 1h20 há um par de anos e este acabou por ser o dia.
Esta marca não só representa um novo RP como é, sobretudo, um boost de confiança enorme para as últimas 4 semanas de treino até Nova Iorque como para a própria prova!
Por fim quero novamente destacar a organização desta prova. Fazendo o paralelo com muitas das provas que conheço aqui em Lisboa lá claramente fazem mais com menos. Muito boa organização ao longo percurso e da zona de chegada/partida e um lote de atletas altamente competitivo. 5 estrelas e certamente uma prova a repetir – várias vezes – no futuro!